terça-feira, 3 de abril de 2012
O QUE É AUTISMO?
O autismo é descrito como uma síndrome comportamental
com causas múltiplas, decorrente de um distúrbio de desenvolvimento. É
caracterizado por déficit na interação social, ou seja, inabilidade para se
relacionar com o outro, usualmente combinado com déficit de linguagem e
alterações de comportamento. Os sinais e sintomas aparecem antes dos 3 anos de
idade e, em cada 10.000 crianças, de quatro a cinco apresentam a doença, com
predomínio em indivíduos do sexo masculino (3:1 ou 4:1).
Quais são as causas do autismo? As causas do autismo são desconhecidas mas diversas doenças
neurológicas e/ou genéticas foram descritas com sintomas do autismo. Problemas
cromossômicos, gênicos, metabólicos e mesmo doenças transmitidas/adquiridas
durante a gestação, durante ou após o parto, podem estar associados diretamente
ao autismo. Entre 75 a 80% das crianças autistas apresentam algum grau de
retardo mental, que pode estar relacionado aos mais diversos fatores biológicos.
Portanto, a evidência de que o autismo tem suas causas em fatores biológicos é
indiscutível, fazendo-nos reconsiderar a idéia inicial de ligarmos o quadro de
autismo a alterações nas primeiras relações mãe-filho.
Quais são as doenças relacionadas ao
autismo?
Podemos listar uma série grande de doenças das mais diferentes
ordens envolvidas nos quadros autísticos:
Infecções pré-natais - rubéola congênita, sífilis congênita, toxoplasmose,
citomegaloviroses;
Hipóxia neo-natal (deficiência de oxigênio no cérebro durante o parto);
Infecções pós-natais - herpes simplex;
Déficits sensoriais - dificuldade visual (degeneração de retina) ou
diminuição da audição (hipoacusia) intensa;
Espasmos infantis - Síndrome de West;
Doenças degenerativas - Doença de Tay-Sachs;
Doenças gênicas - fenilcetonúria, esclerose tuberosa, neurofibromatose,
Síndromes de Cornélia De Lange, Willians, Moebius, Mucopolissacaridoses, Zunich;
Alterações cromossômicas - Síndrome de Down ou Síndrome do X frágil (a mais
importante das doenças genéticas associadas ao autismo), bem como alterações
estruturais expressas por deleções, translocações, cromossomas em anel e outras;
Intoxicações diversas.
Quais são os sinais e sintomas do autismo?
A criança autista prefere o isolamento. O autismo é caracterizado por
diversos distúrbios:
de percepção, como por exemplo dificuldades para entender o que ouve;
de desenvolvimento, principalmente nas esferas motoras, da linguagem e
social;
de relacionamento social, expresso principalmente através do olhar, da
ausência do sorriso social, do movimento antecipatório e do contato físico;
de fala e de linguagem que variam do mutismo total: à inversão pronominal
(utilização do você para referir-se a si próprio), repetição involuntária de
palavras ou frases que ouviu (ecocalia); e
movimento caracterizado por maneirismos e movimentos estereotipados.
Existe tratamento para o autismo?
Hoje, o tratamento do autismo não se prende a uma única terapêutica. O uso de
medicamentos, que antes desempenhava um papel de fundamental importância no
tratamento (devido à crença da relação do autismo com os quadros psicóticos do
adulto), passa a ter a função de apenas aliviar os sintomas do autista para que
outras abordagens, como a reabilitação e a educação especial, possam ser
adotadas e tenham resultados eficazes.
Quais são os medicamentos utilizados no tratamento do
autismo?
As principais drogas que podem ser utilizadas no tratamento são:
Os neurolépticos, utilizados para reduzir os sintomas do austismo. Têm uma
resposta geral boa e conseqüente melhoria do aprendizado, embora possa
apresentar efeitos colaterais como sedação excessiva, reações distônicas
(rigidez mulcular), discinesia (alteração do movimento muscular) e efeitos
parkinsonianos (tremor);
As anfetaminas, utilizadas na tentativa de diminuir a hiperatividade e
melhorar a atenção, mas têm como efeitos colaterais o aparecimento de excitação
motora, a irritabilidade e a diminuição do apetite;
Os Anti-opióides, utilizados no tratamento de dependência a drogas, têm sua
ação principalmente em quadros de auto-agressividade. Provoca tranquilização,
diminuição da hiperatividade, da impulsividade, da repetição persistente de
atos, palavras ou frases sem sentido (estereotipias) e da agressividade,
causando como efeito colateral a hipoatividade.
A utilização de complexos vitamínicos como a Vitamina B6 associada ao
Aspartato de Magnésio, bem como o uso de Ácido Fólico, embora descritos por
diversos autores, apresenta aspectos e resultados conflitantes.
Em que consiste a reabilitação da criança
autista?
A propostas de reabilitação substituem os modelos psicoterápicos de base
analítica das décadas de 50 e 60, quando a doença era considerada uma
conseqüência de distúrbio afetivo. Esses modelos de reabilitação podem então ser
caracterizados como: ·
Modificação de comportamento;
Terapia de "Holding";
Aproximação direta do paciente;
Comunicação facilitada; ·
Técnicas de integração sensorial; e
Treino auditivo.
Como é a educação especial para o autista?
Dentre os modelos educacionais para o autista, o mais importante, neste
momento, é o método TEACCH, desenvolvido pela Universidade da Carolina do Norte
e que tem como postulados básicos de sua filosofia:
a) propiciar o desenvolvimento adequado e compatível com as potencialidades
e a faixa etária do paciente;
b) funcionalidade (aquisição de habilidades que tenham função prática);
c) independência (desenvolvimento de capacidades que permitam maior
autonomia possível);
d) integração de prioridades entre família e programa, ou seja, objetivos a
serem alcançados devem ser únicos e a estratégias adotadas devem ser uniformes.
Dentro desse modelo, é estabelecido um plano terapêutico individual, onde é
definida uma programação diária para a criança autista. O aprendizado parte de
objetos concretos e passa gradativamente para modelos representacionais e
simbólicos, de acordo com as possibilidades do paciente.
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